Pode parecer surpresa, mas sou
conservadora até para escrever. Muitas vezes me peguei com vergonha de escrever, um receio de tratar de assuntos
íntimos. Ou ainda, sabe-se lá dizer ao certo, um constrangimento de parecer louca ou infantil por me deixar tomar algumas palavras, num lugar cercado por pessoas que não se dão ao trabalho nem de ler
outdoors.
Hoje descobri a
liberdade, hoje fiz dessas palavras uma terapia. Sem vergonhas, receios, constrangimentos. Era madrugada já e me dopava uma insônia latente, um sentimento de culpa que
não me deixava repousar. Você deve saber como é simplesmente não conseguir parar de raciocinar, de ter idéias destrutivas, de amargurar
e reamargurar lembranças e pensamentos que só te fazem mal.
Hoje descobri uma liberdade. Talvez essa até não seja a palavra correta, o que sinto é mais um momento de
privacidade. Circundada pelo silêncio dos que dormem, assegurada por uma senha tola, me sinto resguardada...
protegida?
Ah! Posso escrever sem amarras! Dedilho palavras como uma melodia que passou a vida para ser tocada num
piano frio. Posso admitir os erros que não podia pronunciar. São
letrinhas poderosas que me servem de calmante, de sonífero, que deixam minha alma mais em paz.
Fiz dessas letrinhas meu
confessionário, pedi perdão e só assim pude ter aquele sono gostoso que
de tão cansado nem se sonha,
só descansa. Que bom.