Como nasci uma pessoa ‘tímida’, característica a qual não consigo me desvencilhar, acabo atraindo inúmeras pessoas dispostas a firmar uma boa amizade. Acredito que isso seja uma bênção e coleciono os mais variados estereótipos de personalidade: tenho amigos sensatos, outros loucos, heterossexuais, homossexuais, virgens, despudorados, beijadores com língua, sem língua, estudiosos, vagabundos de primeira linha, falsos, verdadeiros, enfim, tenho amigos!
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Entre as mulheres a divergência de personalidade é algo gritante. Como além de ser comunicativa na vida real, também sou na vida paralela que levo on line, loucas do mundo inteiro adoram bater papo comigo no MSN. Para completar, devo ter um quê inspirador de confiança, pois por algum motivo capcioso T-O-D-A-S resolvem desabafar comigo sobre os mais variados assuntos. Entre eles, há uma disciplina de relevância que afeta toda a comunidade internacional do gênero feminino que é corriqueiramente debatida, analisada, pormenorizada e estudada: homens.
Por alguma outra razão também desconhecida, meus infinitos amigos homens não se referem ao assunto ‘mulher’ com a mesma freqüência, claro que tocam no assunto, mas apenas trata-se de um tema a mais como outro qualquer.
Por que?
Porque nós, mulheres, somos viciadas em amor?
Posso elencar alguns tipos de amigas:
A louca sem estabilidade emocional e viciada em relacionamento: vive acabando e voltando o namoro. O cara está longe de ser aquilo que ela espera de um companheiro, mas ela insiste nele. Quando resolve dar um fim a todas as grosserias que ele faz, jura com os pés bem juntinhos que nunca mais voltará, ganhará asas, conhecerá o mundo... Até a semana seguinte! Ela sempre volta. Ele chantageia, tem poder sobre sua fragilidade. Essa mulher não consegue manter uma rotina, um foco num objetivo maior. Brigar, discutir, dar na cara, levar na cara, parecem ser estes os fatores que fazem sua vida ter sentido, quando o sofrimento cessa, parece que ela mesma cessa. As frases preferidas dela são: "Dessa vez não tem volta! Quero que ele queime no fogo do inferno!" - Duas semanas depois "Voltamos, ele prometeu que ia mudar e o nosso relacionamento está mais maduro!"

A louca sem estabilidade emocional, viciada em relacionamento e sem nenhum resquício de estrutura psicológica: Essa minha amiga aqui é tudo que a de cima é, porém, ainda por cima lhe falta mais juízo na cabeça. É desregrada: quando sai bebe demais, quando está sozinha tem depressão, é bonita e se acha feia, magra e se vê gorda. Tem filho, universidade, família, amigos, mas não vê graça em nada, sua vida gira em torno do homem que possui. Afinal, um homem para ela é, em termos jurídicos, res, coisa, sobre a qual ela procedeu à usucapião. Não se acha inteligente, É PARANÓICA. Tem medo, principalmente, da solidão. Por se dar pouco valor, sua própria companhia parece algo aterrorizante, não sabe fazer nada sozinha, principalmente colocar sua vida nos trilhos.
(Amy: REHAB!)
A louca segura de si, mas mesmo assim louca, seu hino “me apego facilmente ao que desperta meu desejo”: Esse é um tipo mais brando, trabalha, é segura nas decisões que escolhe para si, possui senso crítico do que é melhor para sua vida, porém... ela só fala em relacionamentos. No mundo não existem moda, notícias, cor de cabelo, celebridades, literatura, só relacionamentos, as conversas chegam a beirar à monotonia, apesar dela ser uma mulher interessante. Ao menos, esta aqui não é muito de sofrer.
O mais interessante é que todas as pessoas em quem eu me inspirei para escrever essas divagações pude perceber que elas raramente passam mais que um mês sozinhas, vivem engatando um relacionamento no outro, difundindo pelo mundo o desespero da sua sede em ser amada, enlouquecendo pobre mortais caídos de pára-quedas no seu sonho cor de rosa de amor: “serei amada por um princípe sem defeitos que me dará toda a atenção que não me dou”.
E agora eu te pergunto: a sua vida só vale isso? A companhia de outra pessoa?
E depois a louca ainda sou eu por não ter namorado.
Sereníssima Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá
Sou um animal sentimentalMe apego facilmente ao que desperta meu desejoTente me obrigar a fazer o que não queroE você vai logo ver o que acontece.Acho que entendo o que você quis me dizerMas existem outras coisas.Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade,Tudo está perdido mas existem possibilidades.Tínhamos a idéia, mas você mudou os planosTínhamos um plano, você mudou de idéiaJá passou, já passou - quem sabe outro dia.Antes eu sonhava, agora já não durmoQuando foi que competimos pela primeira vez?O que ninguém percebe é o que todo mundo sabeNão entendo terrorismo, falávamos de amizade.Não estou mais interessado no que sintoNão acredito em nada além do que duvidoVocê espera respostas que eu não tenho masNão vou brigar por causa dissoAté penso duas vezes se você quiser ficar.Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugadaTenho um sorriso bobo, parecido com soluçoEnquanto o caos segue em frenteCom toda a calma do mundo.Meninas, me desculpem a sinceridade, escrevi com bom humor, exagerei um pouco, mas amo todas vcs! (LB)